Aparentemente não corremos nenhum risco com a redução de nossa
musculatura, não é? Mas o problema é tão ou mais sério do que as doenças
“visíveis” que conhecemos. Nossa massa muscular corresponde em 40 a 50% do peso
corporal; as células musculares constituem de 70 a 80% de nossas células, o que
corresponde a aproximadamente 50% de nossas proteínas! Veja tamanha importância
que temos que dar a ela!
Mas, enquanto temos nossa funcionalidade garantida, não nos preocupamos
com a redução do volume e, consequentemente, da força muscular. Pensamos que
ganhar músculo é só pra quem deseja ficar “sarado”. O problema é que sem uma
quantidade satisfatória de força, há uma redução da mobilidade, aumento da
incapacidade funcional, de quedas e o pior, da dependência!
O que acontece é que conforme envelhecemos a redução da massa muscular é
maior. Estima-se que, a partir dos 40 anos, ocorra a perda de 5% de massa
muscular a cada década, com declínio mais acentuado após os 65 anos,
principalmente nos membros inferiores. Esta diminuição ocorre tanto no tamanho da
fibra quanto na quantidade de fibras, o que podemos dizer que perdemos tanto em
quantidade quanto em qualidade de força e estabilidade para realizar as tarefas mais simples.
Diversos fatores estão relacionados com a sarcopenia no envelhecimento: fatores
hormonais, imunológicos, nutricionais e metabólicos. Por exemplo: a diminuição
do hormônio de crescimento, dos hormônios sexuais estrogênio e testosterona, do
fator de crescimento (IGF1) e resistência à insulina; alterações da ingestão
protéico-calórica; aumento de mediadores inflamatórios e distúrbios de
inervação, onde as fibras musculares denervadas são substituídas por tecido
gorduroso e fibroso. Estas alterações estão relacionadas com a perda ou
diminuição funcional, que por sua vez refletem no metabolismo basal, na função
renal, na função cardíaca, na capacidade vital e na função pulmonar,
potencializando as doenças crônicas como diabetes, hipertensão, osteoporose e
obesidade.
Expliquei isso tudo só pra chegar a um ponto: exercícios físicos bem
orientados auxiliam no ganho e preservação da musculatura, na
regulação de diversos mecanismos hormonais e metabólicos, favorecem um maior dispêndio
energético e maiores adaptações às atividades diárias. Ou seja, se você acumular
um bom “currículo” de atividades físicas desde a infância, adolescência e
juventude, você não terá problemas com a sarcopenia tão cedo. Ainda evita possíveis complicações metabólicas decorrente da inatividade. Por outro lado,
se o sedentarismo faz parte de sua rotina, certamente você já está com um
déficit muscular, comparado a uma pessoa de mesmo sexo e idade da sua, que
pratica exercícios físicos com pesos regularmente... Por isso, sugiro que faça parte de um programa de condicionamento físico, busque a melhora desses aspectos da saúde que, com certeza, sua qualidade de vida será maior e terás maior independência na velhice. Lembre-se sempre: a sarcopenia é reversível, portanto, mesmo que você nunca tenha se exercitado, nunca é tarde para um novo começo!
Referências Bibliográficas:
ARAUJO SILVA, T.A.; FRISOLI JUNIOR, A.; PINHEIRO, M.M.;
SZEJNFELD, V.L. Sarcopenia associada ao envelhecimento:
aspectos etiológicos e opções terapêuticas. Rev. Bras. de Reumatologia vol.46
no.6 São Paulo Nov/Dec.2006
GONÇALVES SILVA, V. Sarcopenia.
Site: Saúde em Movimento. Acesso em 05/12/11.
MIGUEL JR, A. Sarcopenia:
perda de massa muscular. Site: Medicina Geriátrica. Acesso em 05/12/11.
Jaqueline Alves Nieto
CREF: 090794-G/SP
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